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Conhecendo o céu através dos movimentos de rotação e translação

As informações apresentadas neste artigo se restringem a mostrar o céu conforme era conhecido pelos antigos babilônios.

Movimento de rotação

A rotação do planeta Terra pode ser percebida pelo movimento dos astros, que é de leste para oeste. Se a Terra invertesse o seu movimento de rotação, os astros nasceriam no oeste e se poriam no leste. Sabemos que o Sol tem também seus movimentos, mas, referente ao movimento de rotação da Terra, o Sol pode ser considerado como se estivesse parado. No gif abaixo, o Sol parece fixo como uma fonte de luz à esquerda.




O deslocamento de Sol e Lua de leste para oeste são facilmente percebidos; o deslocamento das estrelas nem tanto. Nas imagens abaixo pode-se acompanhar o deslocamento de Spica, a estrela mais brilhante da constelação de Virgem, durante quatro momentos, desde que nasce no horizonte leste, por volta de 19:30, até que se põe no horizonte oeste, por volta de 7:20 do dia seguinte (Os números assinalados são graus de altura; conta-se 90º graus em ordem crescente desde o nascente até o zênite e 90º graus em ordem decrescente do zênite até o poente; Rise = Nascer; Set = Pôr; Trânsito = hora em que o astro cruza o meridiano celeste).






Como o Sol, as estrelas também possuem seus movimentos próprios, mas, dado que esse movimento é imperceptível pelo tempo que dura uma vida humana, pode-se dizer que estão paradas uma em relação às outras. Isso permite agrupá-las no que costumamos chamar de constelação. Nas imagens abaixo, a constelação de Escorpião é vista em três momentos, desde que nasce, por volta das 22:30, até que se põe, por volta das 10:30 do dia seguinte (As anotações são para Antares, a estrela mais brilhante de Escorpião).





Por um período de 24 horas pode-se observar as 13 constelações do zodíaco em seu trajeto aparente do nascente ao poente. Dessa forma, mais ou menos a cada duas horas há uma constelação nascendo a leste ao mesmo tempo que outra se põe no oeste. Sem nunca desconsiderar que se trata do resultado do movimento de rotação da Terra, o aspecto visual pode ser comparado ao ponto de vista de alguém que se encontra no eixo de uma roda gigante, enquanto as constelações, tal qual um conjunto de cadeiras, contornam um eixo.




Movimento de translação

Como escrevi anteriormente, podemos dizer que as estrelas estão paradas em relação umas às outras. Como o Sol é uma estrela, isso também vale para o Sol.

Se o Sol se põe a oeste ao mesmo tempo em que vemos uma estrela que nasce a leste, notamos que forma-se um alinhamento entre os três corpos, com a Terra entre eles; durante alguns dias, esse alinhamento se manterá. Percebe-se, no entanto, que a estrela nascerá cerca de quatro minutos mais cedo a cada dia. Esse fenômeno ocorre porque, à medida que a Terra dá uma volta em torno do seu próprio eixo, ela também percorre 1/360 (um grau) de seu caminho em torno do Sol. Dessa forma, uma volta completa em torno do próprio eixo a faz apontar mais uma vez para a estrela (dia sideral), mas precisa girar mais um grau para apontar para o Sol (dia solar). 




A imagem abaixo mostra a visualização de Spica em três ocasiões durante este ano de 2023; em seguida, três gifs mostram como cada caso é visto por um observador terrestre.

  1. Em março, quando a Terra ocupa o centro do alinhamento com Spica e Sol => no gif, Spica é vista nascer a leste.
  2. Em junho, quando a Terra faz 1/4 de seu movimento de translação => no gif, Spica é vista logo após cruzar o meridiano celeste.
  3. Em setembro, quando a Terra passa a ocupar uma extremidade do alinhamento => no gif, Spica é vista pôr-se a oeste.



Nos gifs, em todos os casos considere 0º de Latitude e 60º de Longitude Oeste; imagens conforme vista às 19:53 em todas as datas.


















Os astrônomos babilônios, apesar de disporem das informações básicas apresentadas nesta postagem, não foram capazes de entender que o movimento dos astros no céu era resultado do que hoje conhecemos como movimentos de rotação e translação..

Acrescente-se que os estudos que faziam tinham originalmente funções astrológicas. Por exemplo, foram eles que estabeleceram a correspondência dos signos com os meses do ano tal como conhecemos. Vem deles a regra de que um signo é a indicação de que o Sol é visto a passar pelo signo/constelação, que atualmente sabemos que ocorre quando a Terra ocupa a extremidade de um alinhamento que forma em conjunto com o Sol e uma constelação do zodíaco. É o que está demonstrado no caso 3 visto acima, que retrata o alinhamento Spica-Sol-Terra, sendo que Spica é uma estrela da constelação de Virgem; de acordo com a astrologia, o signo de Virgem começa em meados de agosto e termina em meados de setembro. A começar pelo caso 3, à medida que a Terra avança no seu movimento de translação, ela sucessivamente formará a extremidade de sucessivos alinhamentos com cada constelação do zodíaco. No entanto, vale lembrar que atualmente a configuração do céu, tal como visto pela perspectiva do movimento de translação, é levemente diferente da estabelecida pelos astrólogos babilônios.

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