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Posições planetárias

Diferente das estrelas, que possuem movimentos uniformes ao longo dos anos, os planetas aparentam fazer movimentos erráticos através das constelações do zodíaco, e essa é uma das principais características que tornou possível aos astrônomos babilônios distingui-los das estrelas. Conforme avançavam-se os séculos até a modernidade, o conhecimento humano sobre o movimento dos planetas aumentou consideravelmente e agora é possível observar padrões nas trajetórias desses astros iluminados. Com isso, podemos nos servir de programas de computador para verificar qual era a combinação de astros visíveis no céu, em uma determinada data, milhares de anos atrás.

Conforme mostrado em artigos anteriores, os babilônios faziam descrições das posições de astros no céu e datavam esses fenômenos celestes de acordo com o ano do rei que então governava. Uma vez que se consegue reconhecer nos softwares as descrições antigas, o ano do rei é datado de acordo com o calendário juliano. A seguir analisam-se descrições da VAT 4956 e de outros documentos astronômicos.

O planeta Saturno

A VAT 4956, quando relata as posições de astros nos primeiros meses do ano do calendário babilônico, cita por duas vezes o planeta Saturno, e em ambos os casos diz que ele pode ser visto em frente de Andorinha, um conjunto de estrelas que atualmente compõe a constelação de Peixes (veja linhas 2 e 9 do anverso). De acordo com o Stellarium, Saturno realmente pode ser visto à frente de Peixes no ano de 568 a.C. (Vejas as notas 2 e 3 na introdução do artigo anterior). Como o planeta possui uma órbita de 29,5 anos em torno do Sol, deduz-se que ele também podia ser visto em Peixes cerca de 29 anos antes, mas não 20 anos antes, em 588 a.C. De fato, na data da Torre de Vigia Saturno é visto na constelação de Câncer.

Um segundo documento astronômico que cita Saturno é denominado BM 32312. À primeira vista, a informação de que Saturno pode ser visto atrás de Peixes (Mês I, col. i, linha 8) parece cair no vazio porque não há uma indicação explícita sobre qual era o rei de Babilônia na referida época em que Saturno podia ser visto atrás de Peixes. No entanto, nas últimas linhas faz-se referência à batalha de Hiritu, que, à base da Crônica de Akitu, sabe-se que ocorreu no 16º ano do governo de Samas-sum-iuquin. Este governante administrava Babilônia enquanto a região ainda estava sob domínio assírio e o nome dele consta na lista de reis de Ptolomeu como antecessor de Kandalanu. À base dos dados apresentados por Ptolomeu, conclui-se que o 16º ano do reinado de Samas-sum-iuquin foi 652/51 a.C. Os registros de Ptolomeu são intensamente atacados pela Torre de Vigia, como foi mostrado aqui, mas, apesar de seus registros serem de segunda mão, com pouca base para serem levados a sério por si só, sempre foram confirmados por meio de provas independentes. Aceitando como verdadeiro que o 16º ano de Samas-sum-iuquin foi mesmo 652/51 a.C.,o registro astronômico BM 32312 nos fornece mais uma oportunidade de pôr à prova os registros de Ptolomeu. Assim, quando se recorre ao Stellarium, verifica-se que Saturno podia ser visto em Áries na primavera de 652 a.C. Como Áries é a constelação que sucede a Peixes na trajetória aparente dos astros, visualmente é correto dizer que Saturno realmente podia ser visto atrás de Peixes na primavera de 652 a.C. Portanto, à base desses cálculos, verifica-se mais uma vez a exatidão dos registros de Ptolomeu, que, por seu turno, apontam a data de 587 a.C. como a data da destruição de Jerusalém. Se esse acontecimento histórico houvesse ocorrido 20 anos antes, como defende a Torre de Vigia, o 16º ano de Samas-sum-iuquin teria de ser recuado 20 anos, para 672/71 a.C; no entanto, nesse ano Saturno é visto na extensa constelação de Virgem, a qual percorre de Setembro de 673 a.C. a Setembro de 669 a.C.

Dois outros documentos que servem ao propósito deste estudo são denominados BM 76738 e BM 76813, que são comumente combinados em um único texto.

Trata-se de um documento astronômico que registra informações de um planeta por 14 anos — período em que faz referência à passagem do planeta por seis sucessivas constelações do zodíaco, a saber: Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário. O planeta nunca é citado, mas, dado que o planeta Saturno tem uma órbita em torno do Sol de aproximadamente 29,5 anos, ele pode ser visto por seis sucessivas constelações do zodíaco por cerca de 14 ou 15 anos e esses dados apontam unicamente para Saturno como o planeta anônimo desses registros astronômicos.

O documento está danificado em vários pontos; a uma primeira leitura, deduz-se que se trata de um registro da época do governo de Kandalanu porque na primeira linha ler-se “...alanu”. De acordo com os registros de Ptolomeu, Kandalanu foi o antecessor de Nabopolassar, que por sua vez foi o antecessor de Nabucodonosor, e que reinaram, respectivamente, por 22, 21 e 43 anos. Como em artigos anteriores já se apresentou fartas provas de que o reinado de Nabucodonosor começou em 604 a.C., pode-se calcular que o reinado de Kandalanu começou 33 anos antes, em 647 a.C. e é isso que está de acordo com o Stellarium, que coloca a passagem de Saturno pela constelação de Câncer durante o ano de 647 a.C., bem como também confirma que ele percorreu — durante 14 anos — as seis constelações citadas no documento astronômico. Assim, recuar em 20 anos a data da destruição de Jerusalém significa também recuar em 20 anos o começo do reinado de Kandalanu, de 647 a.C. para 667 a.C. — um ano em que Saturno estava muito longe da constelação de Câncer.

O planeta Júpiter

De volta à VAT 4956, encontramos referências aos planetas Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio, que serão examinadas de agora em diante neste artigo.

Três referências ao planeta Júpiter são bem legíveis (uma quarta referência, dia primeiro do mês 12, está danificada, sem qualquer informação relacionada à posição do planeta).

Como já foi explicado em artigos anteriores, a VAT 4956 é datada do 37º ano do reinado de Nabucodonosor — apontado em outras fontes como correspondente ao ano de 568 a.C. Se o 37º ano de Nabucodonosor corresponde mesmo a 568 a.C., então o seu 17º ano corresponderia a 588 a.C, não a 608 a.C. como requer a Torre de Vigia. Nas verificações a seguir, as posição de Júpiter são procuradas no Stellarium em três datas: 568dh, 588dh e 588dt (Veja a introdução do artigo anterior).

Mês I, dia 12: “Or 12th, Jupiter's acronychal rising”.

“Acronychal” é uma palavra usada para descrever a circunstância em que um astro nasce mais ou menos no mesmo instante em que o Sol se põe. Na data de 568 a.C., no instante em que o Sol se põe a oeste, às 18h34m, a leste Júpiter está a apenas 2º37’ abaixo da linha do horizonte, e nascerá 13 minutos depois, às 18h47m. Essa circunstância atesta como correta a conclusão de que a descrição é compatível com a data de 568 a.C. Na data da Torre de Vigia, em 13 de maio de 588 a.C., a circunstância descrita pelo documento astronômico não se confirma porque Júpiter está a 54º57’ abaixo da linha do horizonte no momento do ocaso do Sol e nascerá apenas cerca de oito horas depois. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês III; dia 1: ; “Jupiter was above a Scorpii”..

A estrela citada como “a Scorpii” é Antares, que pertence à constelação de Escorpião. Diz-se que Júpiter pode ser visto acima de Escorpião. Isso é confirmado pelo Stellarium para a data 20 de junho de 568 a.C. Para a data da Torre de Vigia, que é 30 de junho de 588 a.C., Júpiter é visto na constelação de Peixes (“Psc”). Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês XI, dia 1: “Jupiter was 1 cubit behind the elbow of Sagittarius”.

A descrição diz que Júpiter podia ser visto atrás do cotovelo de Sagitário. Isso é confirmado pelo Stellarium para a data de 12 de fevereiro de 567 a.C. Na data da Torre de Vigia, que é 22 de Fevereiro de 587 a.C., Júpiter pode ser visto na constelação de Áries (“Ari”). Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Assim, as descrições das posições de Júpiter estão todas compatíveis com o ano de 568 a.C. Dessa forma, como aconteceu no artigo anterior, o documento astronômico também neste aspecto, referente a posições planetárias, refuta a tentativa da Torre de Vigia de recuar em 20 anos o 37º ano do reinado de Nabucodonosor.

O planeta Marte

A VAT 4956 faz uma clara referência à posição do planeta Marte. Outras duas referências estão parcialmente danificadas, mas conclui-se que associam o planeta com a estrela a Leonis da constelação de Leão.

Mês II, dia 3: “The 3rd, Mars entered Praesepe.The 5th, it went out of it”

Como declarado no artigo anterior, na descrição 16, Presépio é um conjunto de estrelas no centro da constelação de Câncer. De acordo com a descrição, Marte passa por Presépio entre os dias 3 e 5 do segundo mês. No calendário juliano, isso se passaria entre os dias 24 e 26 de maio de 568 a.C. No entanto, de acordo com o Stellarium, Marte passa por Presépio com cerca de dois dias de atraso, mais precisamente entre os dias 25 e 28 de Maio. Na data da Torre de Vigia, que é 3 de junho de 588 a.C., Marte é visto na constelação de Ofiúco, entre Escorpião e Sagitário. Levando em conta a grande diferença de margem de erro nos dois casos, considero correto dizer que a descrição é compatível com 568dh e incompatível 588dt. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês III, dia 1: At that time, Mars and Mercury were 4 cubits in front of a [Leonis …]

A descrição diz que, no dia primeiro do terceiro mês, Marte e Mercúrio podiam ser vistos quatro côvados (ou oito graus) "à frente de" (Neste ponto, a descrição está incompleta, mas a Leonis, agora conhecida como a estrela Regulus da constelação de Leão, encaixa-se como a estrela provável). Isso é confirmado pelos softwares Sky Charts e Stellarium para a data de 20 de junho de 568 a.C. Segundo o Sky Charts, na data da descrição Marte estava a 7º,25’ à frente de Regulus, que é bem próximo da distância indicada pela descrição. Na data da Torre de Vigia, que é 30 de junho de 588 a.C., Marte é visto na constelação de Ofiúco. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês III, dia 12: The 12th, Mars was 2/3 cubits above a [ Leonis …]

A descrição diz que, no dia 12 do terceiro mês, Marte podia ser visto a dois terços de um côvado acima de Regulus da constelação de Leão (Veja o parêntese no parágrafo anterior). Tanto o Stellarium como o Sky Charts confirmam que a descrição é compatível com a data de 1 de julho de 568 a.C. Segundo o Sky Charts, nessa data Marte estava a uma distância de 0º58’ acima de Regulus. A descrição diz que a distância era de cerca de 1,4º (1 côvado = 2º), e isso é bem próximo da distância apontada pelo Sky Charts. Na data da Torre de Vigia, que é 11 de julho de 588 a.C., Marte podia ser visto na constelação de Ofiúco. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

O planeta Vênus

Existem várias referências ao planeta Vênus na VAT 4956, algumas descrições estão danificadas e, portanto, ilegíveis. Três das descrições legíveis são analisadas a seguir:

Mês II, dia 18: The 18th, Venus was balanced 1 cubit 4 fingers below Leonis.

A descrição diz que Vênus podia ser visto cerca de um côvado abaixo de Regulus da constelação de Leão na data de 8 de junho de 568 a.C. Os softwares mostram que na data indicada Vênus podia ser visto acima da estrela, não abaixo. Possivelmente, trata-se de uma confusão na identificação dos astros. Na data da Torre de Vigia, em 18 de junho de 588 a.C., Vênus podia ser visto na constelação de Gêmeos. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês III, dia 1: Venus was in the west opposite tetha Leonis.

Segundo a descrição, no dia 20 de junho de 568 a.C. Vênus podia ser visto a oeste da estrela tetha Leonis da constelação de Leão. De acordo com os softwares, na data indicada Vênus podia ser visto a sul de tetha Leonis, não a oeste. Na data da Torre de Vigia, que é 30 de junho de 588 a.C., Vênus podia ser visto na constelação de Gêmeos. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês XI, dia 4: The 4th, Venus was balanced ½ cubit below (sic) Capricorn.

A descrição menciona que, em 15 de fevereiro de 567 a.C., Vênus estava visível 1º abaixo da constelação de Capricórnio. Em outras descrições, nas quais são vistos termos para indicar a posição de astros, esses termos geralmente se referem à posição do astro em relação a estrelas ou ao movimento aparente do astro, conforme explicado na nota 3 da introdução ao artigo anterior. Isso torna confusa a afirmação de que Vênus podia ser visto abaixo da constelação de Capricórnio, pois, de acordo com os softwares, nessa data Vênus estava visível dentro da constelação de Capricórnio. Na data da Torre de Vigia, em 25 de fevereiro de 587 a.C., Vênus podia ser observado na constelação de Áries. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

As últimas três descrições apresentam algumas inconsistências quando comparadas com os dados dos softwares para as datas dos historiadores referente ao 37º ano de Nabucodonosor. No entanto, em todos esses casos, a constelação mencionada nas descrições corresponde à constelação indicada pelos softwares. A situação muda quando comparamos essas descrições com os dados dos softwares para as datas da Torre de Vigia, onde a constelação é consistentemente diferente. Como resultado, podemos concluir que as descrições relativas a Vênus são compatíveis com 568dh e incompatíveis com 588dh e 588dt.

O planeta Mercúrio

Há várias referências legíveis ao planeta Mercúrio na VAT 4956. Três delas serão analisadas abaixo:

Mês II, dia 1: Mercury, which had set, was not visible.

Declara-se de forma simples que Mercúrio não era visível por ocasião do ocaso do Sol. Isso é confirmado pelos softwares para a data de 22 de maio de 568 a.C. Nessa data, o Sol se põe às 18h44mim e Mercúrio se põe apenas dois minutos depois, às 18h46mim, e isso é uma circunstância que faz com que o já tênue Mercúrio seja ofuscado pelo brilho do Sol. Para a data da Torre de Vigia, que é 1 de junho de 588 a.C.,o ocaso de Mercúrio ocorre 35 minutos após o ocaso do Sol, o que permite que ele seja visível por mais de meia hora. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mês II, dia 10: The 10th, Mercury [rose] in the west behind the [Little Twins].

Uma vez que o observador babilônio data a descrição, pressupõe-se que alguma coisa relevante relacionada a Mercúrio acontece na data (Para 568 a.C., o dia 10 do segundo mês corresponde a 31 de maio). O Stellarium mostra que nos dias anteriores ao dia 10 Mercúrio vinha se distanciando do Sol, saindo do seu brilho, e, possivelmente, o fenômeno que o observador babilônio datou foi o primeiro dia em que Mercúrio se tornou visível no horizonte oeste, logo após o ocaso do Sol. Neste ponto, a descrição está danificada e o evento, [rose], é deduzido apenas pelas evidências. Na data da Torre de Vigia, que é 10 de junho de 588 a.C., Mercúrio pode ser visto 14º acima do horizonte oeste, tendo sido visível já por alguns dias. Conferir: 568dh, 588dh e 588dt.

Mês III, dia 1: At that time, Mars and Mercury were 4 cubits in front of [Leonis ...].

Esta descrição já foi analisada anteriormente, na parte sobre o planeta Marte. Segue uma cópia da análise com ajustes necessários:

A descrição diz que, no dia primeiro do terceiro mês, Marte e Mercúrio podiam ser vistos quatro côvados (ou oito graus) à frente de a Leonis, agora conhecida como a estrela Regulus da constelação de Leão. Isso é confirmado pelos softwares Sky Charts e Stellarium para a data de 20 de junho de 568 a.C. Segundo o Sky Charts, na data da descrição Mercúrio estava a 7º,40’ à frente de Regulus, que é bem próximo da distância indicada pela descrição. Na data da Torre de Vigia, que é 30 de junho de 588 a.C., Mercúrio é visto 3º47’ atrás de a Leonis, não à frente. Conferir: 568dh, 588dh, 588dt.

Mercúrio é o planeta mais perto do Sol e seu movimento de translação é de apenas 88 dias. Com isso, pode ser mais fácil de confundi-lo na análise de uma descrição pouco detalhada, visto que uma posição descrita pode se repetir com uma frequência maior. Assim, se não é surpresa que todas as descrições tenham se mostrados compatíveis com 568 a.C., considero que as inconsistências encontradas para 588 a.C. são suficientemente grandes para considerá-las incompatíveis  com aquela data. 

O outro lado

A defesa da Torre de Vigia consiste em se calar sobre “posições planetárias” e justifica isso com uma nota onde diz que, devido aos símbolos para planetas nos registros astronômicos não serem claros, “as observações planetárias estão abertas à especulação e a várias interpretações”.

Um detalhe que pode ter escapado à Torre de Vigia é que a identificação dos planetas por seus nomes pode não ser necessária em todos os casos. Por exemplo, para duas posições de Júpiter examinadas em parágrafos anteriores, saber o nome correto do planeta é irrelevante para as investigações, o que importa é se o planeta não pode ser confundido com outro que esteja na mesma posição ou nas proximidades. Quanto a isso, duas posições de Júpiter descritas na VAT 4956 são inconfundíveis, não há qualquer outro planeta nas proximidades, como pode ser visto aqui e aqui. Mesmo nos casos em que dois planetas estão tão próximos, compartilhando a mesma posição, ainda pode ser possível distingui-los; para isso, basta que esses mesmos planetas sejam citados em diferentes lugares, cada um em posições diferentes. É o que ocorre com Marte e Mercúrio; ambos os planetas compartilham a mesma posição no primeiro dia do terceiro mês do calendário babilônico, mas são citados em outros lugares e em posições diferentes.

Em sua contestação aos argumentos da Torre de Vigia sobre dificuldade em identificar os planetas, Carl Olof Jonsson forneceu a seguinte resposta:

VAT 4956 – será que os nomes dos planetas e suas posições “não são claros”? Conforme já dito, os autores de A Sentinela preferiram não considerar as 15 observações planetárias registradas na VAT 4956, alegando que “alguns dos símbolos para os nomes dos planetas e suas posições não são claros... Por causa disso, as observações planetárias estão abertas a especulação e a várias interpretações.” A fonte a que se faz referência é Astronomia­-Astrologia Planetária da Mesopotâmia, de David Brown, 2000, páginas 53­57.

É verdade que David Brown está considerando os símbolos para os nomes dos planetas nas páginas mencionadas. É também verdade que nomes diferentes às vezes poderiam ser usados para todos os planetas, e que os mesmos nomes foram também usados às vezes para outros planetas, estrelas ou constelações.

Mas o que os autores da revista A Sentinela não dizem aos leitores é que David Brown mostra, nas páginas 55 e 56, que os planetas também tinham nomes exclusivos, que não eram usados para quaisquer outros planetas, estrelas ou constelações. O diário VAT 4956 consistentemente só usa estes nomes exclusivos dos planetas.

Como não se exige muita pesquisa para descobrir que estes nomes exclusivos são consistentemente usados na VAT 4956, pode­-se indagar por que os autores de A Sentinela não revelam isso. A identificação dos planetas na VAT 4956 é clara e inequívoca e não gera problema algum. Portanto, parece claro que a única razão pela qual os escritores de A Sentinela preferiram ignorar as posições planetárias registradas na VAT 4956, é que elas se ajustam ao ano 568 AEC, não a 588 AEC.

Uma questão adicional a se considerar é o fato de os planetas se moverem ao longo da eclíptica em velocidades diferentes, devido às suas diferentes distâncias do sol. Os eruditos babilônicos conheciam (aproximadamente) a velocidade de cada planeta, e por observarem suas posições ao longo da eclíptica regularmente, dia após dia e mês após mês, eles sabiam para que planeta estavam olhando.

Quando os eruditos modernos descobrem que uma tabuinha usa um nome diferente para certo planeta, ou que um planeta num texto planetário não tem qualquer identificação, eles ainda podem identificá-­lo por verificar suas posições registradas na tabuinha dia após dia, mês após mês e ano após ano. Mesmo no caso destas tabuinhas, portanto, os problemas levantados pelos escritores de A Sentinela geralmente não existem.






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A Torre de Vigia revisita a VAT 4956

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