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Os reis da era neobabilônica

A Assíria dominava toda a região de Babilônia até por volta de 625 a.C. Antes disso, lá por volta de 1700, existiu o Primeiro Império Babilônico, sob domínio de Hamurábi. Então, por volta de 630 a.C., a Assíria passa a perder controle sobre seus domínios, e a região de Babilônia ressurge como império pouco tempo depois. Essa é a razão do adjetivo neobabilônico, que faz menção à nova Babilônia.

Essa nova era da Babilônia durou 87 anos, de 625 a 539 a.C. Por esse período, seis reis governaram a região, e a duração de seus reinados, conforme registrado por Beroso e Ptolomeu, tem sido confirmada por numerosos achados arqueológicos da antiga Babilônia.

Nabopolassar - reinou por 21 anos;
Nabucodonosor - reinou por 43 anos;
Evil-Merodaque - reinou por 2 anos;
Neriglissar - reinou por 4 anos;
Labashi-Marduque - reinou por 3 meses;
Nabonido - reinou por 17 anos.

Em artigo anterior mostrei que Jerusalém foi destruída no 18º ano do reinado de Nabucodonosor. Essa informação combinada com a duração dos reinados dos reis de Babilônia permite estabelecer com segurança que Jerusalém foi destruída no ano de 587 a.C. Vejamos:

Considerando que Nabopolassar reinou de 625 a.C. até seu 21º ano, e levando em conta o período de ascensão que antecede os anos de reinados, fica estabelecido que Nabopolassar terminou seu reinado em fins de 605 a.C., quando tem início o reinado de Nabucodonosor, que entra no seu período de ascensão, que vai até por volta de março/abril de 604 a.C., quando efetivamente começa seu primeiro ano de reinado. Se subtrairmos 18 anos completos de 604 a.C., temos 586 a.C. Como números ordinais neste caso em exame são anos incompletos, tem-se que o 18º ano do reinado de Nabucodonosor corresponde ao ano de 587 a.C., que começou por volta de março/abril daquele ano e vai até março/abril do ano seguinte. Temos registro disso na própria Bíblia, que coloca a destruição de Jerusalém no quinto mês deste ano, no “décimo nono ano de Nabucodonosor”, considerando o método judaico de contagem de anos de reinados, que não levava em conta um período de ascensão (Jeremias 52:12).

Logicamente que essa conta só é válida se cada rei, a partir de Nabucodonosor, sucedeu um ao outro tal como se conhece agora, isto é, que não há nenhum rei ainda desconhecido, que ainda está para ser descoberto nos registros arqueológicos, e que nenhum rei conhecido reinou por mais tempo do que se sabe.

Considerando quase somente declarações da obra Estudo Perspicaz das Escrituras, percebe-se que a Torre de Vigia aceita quase que integralmente que essas informações estão corretas, como pode ser visto nos links do próximo parágrafo:


Que Nabucodonosor reinou por 43 anos e foi sucedido por Evil-Merodaque;
Que Evil-Merodaque pode ter reinado por dois anos e foi sucedido por Neriglissar;
Que Neriglissar pode ter reinado por quatro anos e foi sucedido por Labashi-Marduque;
Que Labashi-Marduque reinou por nove meses (dois meses, segundo os historiadores) e foi sucedido por Nabonido;
Que Nabonido reinou por 17 anos e foi sucedido por Ciro.

Se fizermos a soma dos números acima, desconsiderando os dois meses de reinado de Labashi-Marduque, temos 66 anos de reinado, que colocam o início do reinado de Nabucodonosor em 605 a.C. (539 + 66 = 605, ou 538 + 66 = 604, se desconsiderado os períodos de ascensão de Nabucodonosor e de Ciro); com isso, contando a partir de 605 a.C., descobre-se que o 18º ano de Nabucodonosor corresponde a 587 a.C., a data que a Torre de Vigia se recusa a aceitar.

Esses números parecem tão óbvios, mas geralmente estão tão esparsos, como visto nas imagens, que fica quase impossível a uma Testemunha comum chegar a uma conclusão diferente da oficial. E mesmo quando as informações são inadvertidamente apresentadas tão juntas quanto em dois parágrafos seguidos, uma ou outra informação ausente pode dificultar a que se alcance, com contas simples, a data de 587 a.C.

Sobre a cronologia da era neobabilônica, os historiadores de alguns séculos atrás dispunham apenas de registros históricos antigos, como os escritos de Beroso e Ptolomeu. Beroso foi um sacerdote babilônio que viveu no terceiro século antes de Cristo, e Cláudio Ptolomeu foi um astrônomo grego que viveu no segundo século depois de Cristo. Ambos fizeram listas dos reis, com seus anos de reinados, da era neobabilônica, que são mais ou menos como os mostrados no início deste artigo. Claro que, como viveram séculos depois dos eventos narrados e não adotaram rigorosos métodos de pesquisa, os registros que fizeram podem ser questionados. No entanto, historiadores modernos já dispõem de registros originais, escavados diretamente no chão da antiga Babilônia, e esses registros ascendem aos milhares. Com isso, agora é possível afirmar com muitíssima segurança que a data de 587 a.C. para a destruição de Jerusalém está aquém de qualquer dúvida razoável.

Como os registros de Beroso e Ptolomeu são testemunhos de terceira mão, são evidentemente testemunhos bem frágeis, e justamente por isso têm sido os alvos mais atacados pela Torre de Vigia; ela até mesmo tem dito que a data de 587 a.C. depende “primariamente” dos registros de “Ptolomeu”. Esses detalhes serão tratados no próximo artigo.


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